Sempre L.


Respiro, respiro, respiro. Você.

Está tudo bem para sentar em um apartamento vazio e chorar. As paredes abraçam o que você não consegue agora. É que eu já havia esquecido a sensação de andar passos largos, mas calmos, como os de quem já trilhou um mundo. Ah! Mas como foi bom caminhar cansada, alheia pelas ruas do Rio de Janeiro fingindo já ter vivido muito para se importar com qualquer pormenor. Eu sei, está congelando lá fora, mas não mais que aqui dentro, no meu corpo. Na lacuna dentro da carne neva, há avalanches de amor! E aqui neste silêncio eu me lembro de como é bom ouvir suas palavras de amor não ditas e seus sussurros de paixão ditos em seu calar.

Respiro, respiro, respiro. Você.

Escrevi L. em meu pulso para me lembrar de como a lua é mais bonita quando nos exibimos juntos para ela. Esta noite é minguante, amor! Sorri p’ra gente, por que o mundo não o faz também. Acostumamo-nos a escrever nossos planos em grafite por que rasurar em tinta dói, deixa estrias na alma. Atônitos seremos nós se um dia perdemos a nossa borracha. Ah! São tantas as tentativas de soar-me corajosa em frente a amar branda você. Queria eu poder colorir a linha do Equador, misturar aromas e amores n’uma panela de papel. Cozinhar minha paixão, fritar suas mazelas e libertar fumaças de borboletas, amor meu! Posso? Ah! Deixa p’ra lá, larga pr’a lá. Ainda lhe faço natureza colorida, coração. Juro p’ra você, por que não consigo lhe enxergar sombrio. Nós bem sabemos que sombria sou eu, sem você, que estou morta, mas ainda respiro.


Respiro, respiro, respiro. Você.

Gosto mesmo é de sentir que dividimos a mesma alma. Que meu coração quando vê, no fundo dos seus olhos, a sua alma, chacoalha entre as costelas. Como não? Claro que é! Eu não minto, nunca escondi. Nem mesmo em meus sussurros mais silenciosos eu neguei. Eu o amo, não duvida! Admito, já tive medo de desejar amar. Não só amar, e sim sentir qualquer e todo sentimento, que por regra é abstrato. Mas sempre me deixei voar. E me deixe lhe segredar um amor: obrigada por me enxergar em meu céu chuvoso. Se você não estivesse por perto, os aromas das flores não morreriam a cada noite para renascerem a cada amanhecer. Os pássaros não cantariam e orquestrariam sinfonias na madrugada molhada. Eles só fazem isso para lhe fazer dormir, por que você é belo enquanto abraça o travesseiro e vê os sonhos atrás dos olhos – Queria eu ser o seu eterno travesseiro, e quando sou... Ah! O que sinto depois eu lhe conto, depois eu lhe fábula, depois eu lhe romance.


Respiro, respiro, respiro. Você. Findo n’um suspiro com sonoridade shakespeariana.

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