Para não olhar p'ra trás.



Era um dia negro então. E eis que por uma última vez me olhou. Possuía nos olhos um ar sério, resoluto. Só não tive mais medo de sua firmeza presa à retina, que de saber sobre seu projeto tinto borrado no olhar. As cores eram em flúor e negro. Mas negro era tudo que ia. Seu olhar findou em mim um lamento de adeus. Doloroso mesmo era silêncio das certezas. No céu de seus olhos, o sol desistiu de permanecer. Murmurando ele me dizia, enquanto suas lágrimas umedeciam de desalento os seus lábios: - Rainha das cores, lembre-se: você é responsável por minha felicidade, portanto, tem que ser feliz... Agora já não dá para voltar atrás. Eram os impassíveis ventos de junho. Era a estrela cadente. Era o cometa Halley.

Acordei no susto, soluçando o desespero. Mas ao olhar o cômodo ao lado da cama, o vi suportando rosas, enquanto tivessem pétalas. Olhei também os sapatos próximos ao leito, os enxergando cobertos de areia. E mais do que quis lembrar, não era um sonho.

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