Ladra cruel, por que fizeste isto comigo?


- Como ele é? Tudo bem... Vermelho, pequeno, velho e cansado do amor; dois ventrículos e dois átrios; bom... o senhor já deve saber como é. Igual ao de todos, só que um pouco mais exausto da vida, do amor e das lágrimas que tanto derramei.
- Descreva-me quem o furtou.
- Ah, policial, cabelos longos e louros. Caíam sobre seus olhos quando o vento os tocavam. Possui nos cachos o Sol. Os olhos mais misteriosos que eu já vi. Convence a qualquer um a se infiltrar neles de tamanha intrigância que eles causam. Com as mãos um olhar despreza. Seu olhar era de Medusa; seu sorriso era de Monalisa; e trazia nas cordas vocais, o timbre perfeito. Despendia um cigarro com soberba enquanto roubava os olhares de todos na rua, inclusive, o meu. E quando ela olhou-me de volta, foi então aí que aconteceu... Quando me dei por mim, ela havia sumido e junto, havia o levado de mim.
O policial anotava cada palavra que ouvia em seu caderno entre olhares de sobressalto ao rapaz.
- E então, como você resolverá meu problema, policial? Preciso dele de volta.
- Escute, meu caro, eu nunca presenciei um roubo de um coração, mas tomarei as devidas providências.

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