E nós? Pergunte ao tempo!


12 de outubro de 2011
E então eu o fitei sentado n’uma mesa, seus ombros jogados ao léu e entre os lábios, traçados pelos deuses, o cigarro que o jovem despendia com soberba. E se o mundo gira rápido, amor, como girou naquele instante! As nuvens pareciam resvalar-se sobre o céu com sede fugaz. Quando os minutos pareceram meros segundos, foi então que percebi a merda estar feita. Havia, então, um cigarro entre meus dedos.
- Você tem fogo? – perguntei com uma voz que não me pertencia. Ele riu. Pareceu que a noite virara dia.

12 de novembro de 2011
Ele só pode ser o Lúcifer! Julguei-o anjo na primeira vez em que o vi. Seria o Anjo Rafael? O tal anjo protetor do signo de gêmeos... Como será ele com asas? Cabelos encaracolados não tem... Além do mais, pode sentir o meu toque. Anjos não poderiam sentir-me tocar sua pele, não é?! Deixa para lá. Este rapaz é o capeta, o cão, o meu carma ou quiçá a caixa de pandora presa n’um corpo! Por que consigo ver-me atrás dos seus olhos e até senti-lo na alma sem mesmo tocá-lo? Magia negra, conclui-se.

13 de novembro de 2011
- Boa noite!
- Oi.
- Estava pensando em você, amor...
- (Miserável! Só me liga agora? Não vê que eu estava preocupada? O que você tem na cabeça? Chifres?! E também não me diga que possui um rabo afiado e um tridente entre as mãos...) É... Também estava.
- Liguei por que estou louco por um abraço seu. Sei que nos vemos apenas em finais de semana, mas já não aguento esperar... Posso ir vê-la?
- Pode, meu amor, pode.

12 de dezembro de 2011
Agora vou lhe escrever. Não, eu não vou. Escrevo a Helena, mas merda, para dizer o quê? Eu poderia escrever para eu mesma, começar um diário ou então um romance. Qualquer coisa que fale sobre minha história de amor, que a faça extraordinária, estilo de corte na vida. Talvez até, em meio à sensação de tragédia, desespero, desolação, ter a alma desfalecida. Lucas, Lucas, Lucas, mas eu te amo, Lucas. Não seria capaz de te desenhar em palavras, nem mesmo falar o que sinto, mas não me lembro da mínima coisa que esteja errado nele. Nem sequer uma palavra, um gesto, nem mesmo seus olhos tão bonitos, um drama qualquer ou a profissão que tem. Lembro-me apenas da ternura dos seus braços. Então eu vou lhe escrever, mas só depois de dar comida ao gato, tomar banho e ler um pouco de Triste Fim de Policarpo Quaresma.
O melhor é escrever a Lucas. Se você não corta a raiz do pensamento, deve vivê-lo um pouco, principalmente se forem pensamentos de amor. Se não o fizer, acabará louca.
“Eu te amo, Lucas, com toda minha ternura. Tu foste o garoto mais doce de minha vida, que é curta, mas isso não interessa. Eu te amo por que gostava da sensação de ser alguém quando me olhava na alma, por que és anarquista e ouvir-te falar sobre isto era como estar no céu. Eu te amo por que lias para mim quando eu estava doente demais para isso e por que nunca foste negligente. Eu te amo por que em teus braços eu fazia meu maior abrigo e por que o tempo com você era infinito. Eu te amo por que você me am...
...

12 de janeiro de 2012
Eu estava ainda longe e Lucas vinha correndo em minha direção. Os seus olhos me enxergavam no caminho quando arrependida voltei para ele. Fitava-me com compaixão e seu corpo tinha sede do meu. Abraçava-me com força, como quem segura a razão da sua vida entre os braços. Então eu sorria. O que mais eu poderia fazer?

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